quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Amor


Amor é inverno, verão, outono e primavera. 
Amor é agora, depois e sempre. 
Amor é o universo, a natureza, Deus, você e eu. 
Amor tem pressa, mas anda devagar caso precise. 
Amor perdoa mesmo erros imperdoáveis, justamente por isso perdoei tanto você e precisarei ser perdoada agora. 
Amor submete tanto que você não sabe mais quem você é. 
Amor é amor se é para sempre, mesmo que você fuja. 
Amor persegue, amor domina, amor invade. 
Amor faz brigar sem motivos, faz sumir da vida um do outro com a sensação de que desse ponto em diante nada será bom como antes. 
Amor persegue até que você o perceba, até que você o aceite, até que você o perdoe, até que você o queira. 
Amor abala, bagunça, faz chorar, faz pensar, faz colocar na balança: o amor ou o mundo.
Amor sem mundo é amor, mundo sem amor é nada.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Par de olhos


Adoro esse negócio de olhar no olho, assim pra dizer a verdade sem dizer, só de olhar e entender, sentir, sabe? Não sei como é que pode gente como a gente, que tenta tanto dizer sem falar, usar os olhos para mentir descaradamente. Fazer até curso disso, treinar no espelho e tudo isso mais. (Pra que?) Só para magoar a gente até por dentro, quando você le um olho errado e sai triste, frustrado, baleado. Mas deixa, porque depois compensa por isso e tudo mais achar um par de olhos onde se le até o cardápio do dia, com a maior facilidade, tendo a certeza de que o que está ali, está ali... Dentro.

sábado, 1 de outubro de 2011

No meu mundo

Dizem que sou louca, mas no meu mundo estresse é passageiro e não doença controlada por remédios, no meu mundo eu posso abraçar meu melhor amigo e pedir colo a ele que ele jamais negará, no meu mundo minha melhor amiga não vai competir comigo sobre quem tem mais bunda ou menos barriga. 

Dizem que sou louca, mas eu nem ligo porque no meu mundo em todo o lugar que passo escuto músicas que me fazem querer cantar, que me fazem sorrir, que me fazem sonhar. E se por acaso eu sorrir para alguém – não se assuste – mas no meu mundo, esse alguém corresponderá ao meu sorriso, mesmo que eu esteja de chinelo e minha roupa esteja fora de moda.


Dizem que sou louca, mas no meu mundo, se eu perguntar a alguém o que é roubo, ódio, rancor e todas essas palavras que vocês insistem em me explicar, as pessoas dizem que não conhecem. No meu mundo as pessoas gostam do verde, mas do verde das árvores, não do dinheiro.


Eu nem ligo se por mais de três vezes fui chamada de louca, mas quando estou de muito bom humor convido uma dessas pessoas que me julgam tanto a vir conhecer meu mundo. E quem disse que depois disso elas voltam?

Só minha e do mundo

Pra sair de casa era assim: uma calça jeans sem sal e sem açúcar, um moletom cinza, mochila nos ombros, cabelos amarrados em coque e o rosto completamente limpo, quem a via na rua não dava nem 20 anos de idade e pensava que era a moça mais linda e mais pura daquela cidade.

Depois de um ônibus e um pouco de caminhada ela chegava aqui em casa, soltava os cabelos, dava-me um beijo de tirar o fôlego e começava a reclamar, deixando escapar alguns palavrões, daquela avó chata, rabugenta e antiquada. Como se ela pudesse mandar em mim, não sei por que ainda a obedeço – dizia.


Ia ao banheiro com sua mochila e voltava de lá transformada, jogava a mochila na minha cama ao passar pelo meu quarto, e eu a via vindo como em câmera lenta: salto alto, tipo uns 15 centímetros, vestidinho preto e colado, deixando agora a mostra boa parte do corpo, alças de uma lingerie vermelha pouco a mostra, maquiagem carregada, 20 anos era o mínimo e quem a via pensava que ela, com certeza, era a moça mais disputada da cidade. Agora sim quem a visse enxergaria a minha menina como uma mulher… E que mulher.


Para onde ela ia daquele jeito não me importava, provavelmente fazer do seu corpo um trabalho. Não me importava nem se a chamassem de santa ou se a chamassem de puta, o que os outros viam era apenas o que os outros viam. Comigo eu sabia que além de menina e mulher, ela era minha e era de verdade.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Nossos fantasmas


Amantes de primeira viagem… Quem me dera ainda estivesse nessa fase da vida. Por muito tempo andei me julgando por ter um amor mal resolvido que me seguia em todos os lugares como um fantasma do passado, como a divisão entre o passado e o presente, entre o errado e as possíveis certezas, mas percebi que não sou a única, venho fazendo minhas contas e acho que quem ainda não se apegou a ninguém tem sorte, por enquanto…

O ruim é fazer de seu primeiro amor aquele alguém que já tem um fantasma a tiracolo porque, quem tem sabe do que estou falando. Quem já amou um dia, pela primeira vez, sabe como é. Aquele friozinho na barriga, aqueles planos para quando vocês estiverem com 60 anos de casados, aquela segurança, aquela fé de que tudo o que o outro fala é verdade, aquela fé de que, com uns olhos desses, essa pessoa jamais será capaz de te machucar. E é justamente aí que caímos.
 
Agora, machucados e aparentemente cicatrizados, nada é como antes, conseguimos andar e falar normalmente, trabalhar e ser bons de cama como nunca, conseguimos amar mais um, dois, cinco e até trinta se você quiser. Em frente ao espelho e ao mundo juramos que com aquele lá tudo não passou de um erro. Pare. Pense.

Confesse a você mesma que, infelizmente (ou felizmente), aquela história de que primeiro amor a gente nunca esquece é verdade, porque mesmo depois de anos, se seu fantasma se materializar diante de você e te pedir para largar tudo e ir com ele, você pode até pensar muito e dizer não, mas se você for louca a ponto de dar ouvidos a um coração machucado, você vai… E você sabe que vai.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

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Amor pode estar em tudo, mas não pode ser tudo.
Sem amor adoecemos, somente com amor enlouquecemos.

Gabriella Louise.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

De noite o mundo é outro


Será que é só comigo que acontece? De noite, principalmente quando deito em minha cama para dormir, não durmo, viajo. Vou para os países que desejo ver, canto as letras que ainda pretendo escrever, encanto as pessoas e sou encantada pelo mundo. De noite eu tenho tanta impressão de que o mundo é perfeito que sinto vontade de viver dormindo.

Não há sujeira nas ruas, maltrato a animais, ninguém engana ninguém, sobre roubo então, não me lembro nem da palavra… Imagino que todos os amores são eternos, e lágrimas só quando acompanham muita alegria. De noite eu sinto cheiros, escuto sons, fico tão inquieta, imaginando que o dia seguinte, assim que eu levantar vai ser assim.

Vou acordar e fazer meus cem abdominais sem preguiça, nunca mais vou tomar refrigerante ou me estressar por pouca coisa. Quando sair de casa verei as ruas limpas e o tempo nublado... Vou descer do ônibus bem no centro da cidade só para ver que todas as pessoas são felizes. São tantas coisas imaginadas.

Então eu acordo, e o dia acordando junto vem e distorce totalmente minha visão, como se me dissesse: “Bem vinda ao mundo real.”

Vamos inventar o segundo amor

Hoje em dia as pessoas andam criando tanta coisa para deixar a gente mais confortável, para nos agradar, então por que diabos ninguém inventou o segundo amor ainda? Ele sim resolveria tudo, ele, o terceiro, o quarto, o milésimo… Qual é a dessa antiga história, que funciona com todo mundo, que primeiro amor a gente nunca esquece?

Se não esquece o que se faz então? Guarda na sexta gaveta da cômoda, lá embaixo das roupas nunca usadas, para o segundo amor não ver? Joga fora? Mesmo sabendo que ele não vai sumir, mas sim, no máximo, ficar esquecido em um aterro. Bloqueia? Do celular, do telefone, se muda de casa. Não se permite nunca mais pensar, mesmo que no fundo você saiba que se encontrar com ele na rua será um misto de: “Ai meu Deus!” Com: “Quanto tempo! E ainda sinto essas malditas pernas tremerem.” Diz então, o que fazer?

Ficar com o segundo, quarto, décimo e ser mediano a vida toda? Sempre pensando o que seria do que não foi se tivesse sido, ou algo assim desses mil pensamentos embaralhados que só a gente mesmo entende. Ficar desejando que seu amorzinho resolva sumir para você sair, sem culpa, atrás de quem te balança ou pagar o preço de talvez se arrepender por arriscar?

Nossa, são muitas alternativas para uma cabeça com sono, e lotada de ideias. Prefiro ficar por aqui, deprimente desejando que tudo acabe na próxima vez que eu abrir os olhos. 

Recomeçar



Melhor do que começar é recomeçar. Melhor do que abrir os olhos hoje de manhã, é saber que amanhã o faremos de novo, e melhor. Melhor de tudo que um dia foi exclusivo, primeiro, inesperado, suspeito, mal aproveitado e novo, é ter certeza que depois deles vêm outra dose bem melhor, uma dose a qual já conhecemos. E é bom lembrar que conhecer não o torna velho, mas sim interessante.

Nós já sabemos por onde andar e para onde queremos ir. Tudo na vida é um recomeçar, os dias de hoje são o recomeço dos dias de ontem, os beijos de amanhã serão o recomeço dos beijos de hoje, a desculpa é o recomeço do erro.

E fazer isso é viver, aprender a crescer e a lidar com descobertas e perdas, aprender que um dia jamais será ao menos parecido com o outro, ele apenas derivou de lá. Quando passamos a ver que tudo são fases e que em cada fase nos tornamos um pedaço de nós ontem, um pedaço de nós hoje e um espaço que só preencheremos amanhã, passamos a não ter aquelas dores tão fortes e horrorosas no coração, à noite.

Vemos que o segundo amor é melhor que o primeiro, que o quinto é melhor que todos os anteriores, que o décimo então, nem se fala, esse sim é para sempre. Vemos que a perda de hoje amenizou mais facilmente do que a perda de ontem e que a perda que teremos amanhã já não nos impede de caminhar para outro dia. Vemos que nos maquiamos e nos vestimos, pensamos, lidamos com nós mesmos e com os outros, bem melhor do que no primeiro dia.

Não quero dar mais exemplos, é melhor deixar a ideia no ar, aberta. Porque um dia todos nós percebemos o óbvio, que somos seres que aprendem com facilidade, que se acostumam e fazem coisas que estão acostumados a ver e a ouvir. E que tendem a melhorar sempre.

O tempo passa, mas o tempo não é ruim. O tempo jamais estragou, acabou, ou fez mal a coisa alguma. O tempo melhora o vinho, cura a ferida, faz com que esqueçamos o que não conseguíamos, faz com que a gente enxergue que não foi tudo eterno, que não foi tudo um sonho, que não foi tudo um erro, que não foi nada em vão.

Passe a acreditar que o tempo, por mais que te dê cabelos brancos e rugas de presente, é teu melhor amigo, o melhor. Ele te dá a melhor oportunidade: recomeçar. A cada instante ele está do teu lado, esperando você enxergar o que antes você não via. Se o tempo falasse, ele sopraria todo instante ao teu ouvido: começar, REcomeçar.