quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Despercebida mudança


Hoje, analisando o simples trajeto de uma linha de circular em minha cidade, parei para pensar que nada é fixo, eterno ou imutável. Moro na mesma cidade desde que nasci e na mesma casa desde a metade desses anos. Quanta coisa não mudou desde então? Minha memória desse tempo é recente, de uma década ou um pouco mais, talvez; o que já é suficiente para eu perceber como tudo mudou e evoluiu em apenas duas décadas.

Quando vejo fotos antigas da minha cidade, considerada interior, vejo o quanto ela mudou. Os pontos de ônibus, de táxi, os comércios, o asfalto, as casas, os locais de suporte ao cidadão, entre outros. Mudanças desde as mais drásticas, que chocam à primeira vista, até as mais simples como a cor da casa da vizinha ou das paredes do shopping. Isso me faz perguntar quão mais rápida e assustadora é a mudança constante de uma cidade grande.

Mas, por que comecei a pensar nisso tudo? Porque nos moldamos e nos sentimos seguros pela familiaridade a nossa volta, sem nos dar conta que aquilo vai mudar uma hora ou outra. "Em frente à casa azul." E de repente o dono daquela casa a pinta de vermelho; acabou com a referência. "Vire na segunda esquerda." E de repente o sentido daquela rua é mudado e você tem que refazer seu trajeto. A ideia do palpável é ilusão, tudo está propício e em constante mutação.

Observando isso tudo, concluo que as pessoas, principalmente aquelas que – assim como eu – se sentem seguras com a "mesmice", que trás uma sensação de proteção, estão simplesmente iludindo a si mesmas. Se nem mesmo a cidade onde vivemos, nosso estabelecimento preferido, ou a cor daquela linda casa serão sempre os mesmos, como poderemos pensar que as pessoas, os pensamentos e sentimentos delas seriam? Assim como existe essa mutação diária em uma cidadezinha do interior, posso dizer que o ser humano sofre uma mudança equivalente à que sofreria a cidade mais desenvolvida do mundo.