sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Sonho x medo

Você já teve uma paixão platônica? Alguém que você idealiza um relacionamento perfeito de conto de fadas, mesmo não a conhecendo a ponto de saber se seria realmente tudo aquilo. Onde a graça é justamente essa, ser apenas fruto da sua imaginação e pronto, qualquer pitada de realidade estragaria tudo.

Sou assim com meus maiores sonhos. Hoje tenho maturidade (e, talvez, conhecimento) para entender que saboto meus planos antes mesmo de colocá-los em prática. "Por que?!" Você me pergunta. Por medo do potencial fracasso, concluo agora. Mesmo sabendo que se eu não fizer nada eles não se tornarão realidade, sei que começar alguma coisa pode fazer com que eles deixem de ser sonhos.

Com isso, abro novos caminhos. Comecei um curso diferente, o qual nunca sonhei, e chego aqui no motivo desse texto: oportunidade. Estou a caminho do quarto semestre, vejo que por fim estou criando raízes na faculdade, olho o longo caminho pela frente com ansiedade e alegria, imaginando a psicóloga que serei. Isso tudo porque, me atrevo a dizer: eu não tive, nem tenho, medo.

Lidar com o maior sonho da minha vida, equivale a lidar com o risco do maior fracasso da minha vida também. Nunca sonhei ser psicóloga, então dou o melhor de mim para essa formação, sem nenhuma expectativa em cima disso, e me torno a cada dia a melhor psicóloga que poderia ser. Agora, escritora, quanto mais eu sonho com meu livro, mais pressão coloco em mim mesma, sobre cada vírgula nova que escrevo.

E isso tudo me faz deixar, ano após ano, o sonho da faculdade de Letras e o de colocar no papel meu primeiro - e tão idealizado - livro em standby. Mesmo sabendo o quão errado isso é e que, acima de talento ou dom, escrever é minha alegria; continuo mantendo em cativeiro o protagonista do meu primeiro romance. Você nem imaginaria, mas ele tem medo de que eu desista antes de poder contar a você a história dele.