segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Happy new year


Existem aqueles que adoram as festas de final de ano e também aqueles que não as suportam. Devo entender e até concordar com o ponto de vista dos dois grupos. O primeiro vê esperança, recomeço e oportunidade a cada ano que chega. O segundo vê hipocrisia, pois o recomeço está dentro de cada um e pode vir dia 16 de abril, por exemplo.

Concordo que esse punhado de feriado, comida gostosa, todo dia parecendo domingo, gastar o décimo terceiro todo em presentes complica e desgasta um pouco, logo, melhor deixar tudo para o ano que vem, quando essa correria passar. Então, lógico: no ano que entrar você vai guardar dinheiro, regular a alimentação, começar a faculdade... Meu Deus! São tantos planos que não da para começar agora, é preciso se organizar para janeiro.

Por outro lado, concordo ainda mais que a euforia de janeiro não dura cinco dias, logo você vai voltar a tomar refrigerante e gastar com fast food o dinheiro que ia poupar para trocar de carro. Então, de nada valeram tantas promessas e planos de vida nova. Ela precisa vir com vontade de verdade e pode aparecer em qualquer dia do ano. Ano novo só começa quando seus hábitos, sonhos e o que você vai fazer para alcançá-los forem novos também.

Não mude em janeiro, no seu aniversário, na segunda, no final do mês, no próximo pagamento, daqui dois dias. Mude assim que a vontade vier e antes que ela se vá novamente. Se você percebeu que algo está errado conserte enquanto há tempo, enquanto ainda é incômodo e não dor. Conserte assim que te roubar o sorriso. Conserte quinta-feira.

Todo dia é o ano novo de alguém que nasce, ou alguém que celebra mais um ano de aniversário, namoro, casamento. Ano novo é todo dia que você acorda para viver – e não sobreviver. Ano novo é aquela aula de jazz, aquele curso que você vai mudar na faculdade. Ano novo é cada oportunidade nova que você vai arriscar e se dedicar a fazer dar certo. Ano novo não começa necessariamente em janeiro. Faça-o começar quando você decidir. E a partir desse dia não faça menos do que correr atrás do mais importante na sua vida: a sua felicidade.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Costureira de palavras


Meu pai é modelista, cresci no meio de retalhos, espetando o dedo na agulha fazendo vestidos para minhas bonecas. Ele diz que fiz minha primeira "roupa" aos três anos de idade, vê se pode? Nem ia para escola, mas se metia no meio de panos e agulhas. Cresci vendo a paixão nos olhos dele com cada peça que fazia, cada pedacinho de pano que ele costurava e magicamente virava uma roupa sob medida para alguém, perfeita para uma só pessoa.

Por um tempo achei que quisesse ser costureira quando crescesse, até hoje às vezes penso que quero. Isso é mágico. Transformar o nada em qualquer coisa. Mas essa é a paixão dele, o dom dele, talvez não seja o meu. Costurar um terno todinho, ver que não agradou aos olhos, que o lado esquerdo está 7mm maior, desfazer tudo e costurar de novo, definitivamente não é pra mim.

Por outro lado, sozinha encontrei meu amor e, talvez, meu dom. Conheci a Pollyanna, o Marcelo, o Colin, o Harry, o Zezé, a Liesel, a Anne, incontáveis pessoas que me mostraram, cada um deles, um mundo o qual eu vivi por muito tempo. Um mundo o qual jamais esquecerei. Cada personagem, livro, texto, página, autor, crônica, poesia, cada frase e vírgula marca a minha alma de um jeito que não tem explicação.

Hoje me dei conta de que também costuro, desde os dez anos de idade, conforme mais costuro mais aperfeiçoo meu trabalho. Se não está bom eu apago, refaço, remonto, recrio, reinvento. Perco cinco horas em um texto, se precisar. Herdei o dom do meu pai, mas com matérias primas diferentes que fazem mágicas diferentes.

Nós dois damos vidas às coisas. Nós dois ligamos os pontos, nós dois perdemos horas em busca da perfeição. Cada vírgula deve estar no lugar, digo, cada ponto, ou melhor, as duas coisas. Ele cria mágica aos olhos, eu também. A mágica dele pode tocar o coração de alguém, a minha também. Ele costura retalhos, por vezes, palavras. E eu? Palavras e, por vezes, me arrisco nos retalhos.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Fitas de cetim

Estive pensando sobre nossas ligações com as pessoas e imaginei que somos como fitas de cetim. Frágeis linhas coloridas voando pela vida.

Cada um de nós ata e desata com o outro, alguns fazem laços fortes que quando voam para lados opostos machucam, cortam e desfiam nossa fita.

Já há laços tão confortáveis que nos faz voar juntos por algum tempo, no mesmo ritmo, até que o vento da vida sopra cada fita para um lado e a gente se desata.

No fim, quanto mais colorida, remendada e desfiada for sua fita significa que você se entrelaçou com muita gente nessa vida e que marcaram você, mas mesmo assim você conseguiu continuar a voar.

Porque, por mais belas que sejam as fitas de cetim, elas não foram feitas para se atar para sempre. Cada um voa só, para um lado, formando um arco-íris no céu da vida.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Mudar


Mudar...
De casa, de vida, de rumo, de caminho.
Ser feliz com o que se tem e correr atrás do que se quer.
Andar descalça no asfalto depois da chuva, procurar montanhas para deitar a noite e olhar as estrelas, aguardando o nascer do sol.
Passear com o cachorro da vizinha, regar as flores do jardim do bairro. Cumprimentar todas as pessoas do ponto de ônibus. Ser boa pra quem precisar e pra quem não merecer.
Cantar as músicas preferidas enquanto se está limpando a casa. A casa da tua rua, mas principalmente, a casa da tua alma.
Dar importância as pequenas coisas da vida, do dia a dia, como aquele bom moço que cedeu lugar àquela senhora. Ou aquele olhar apaixonado entre o casal que passa rindo do seu lado. Perceber coisas felizes que você nem vê.
Achar um amor, caso não ache, que esse amor seja você. Se namore. Mas depois, caso ache um grande amor, viva-o, beije-o, leve-o para casa e durma com ele. Se entrelace a ele, jamais o deixe partir e, quando partir, se namore mais uma vez.
Em outra casa, mais uma vida, outro rumo, um novo caminho.
Se refaça sempre e recomece.
Mudar...