Dia desses
estava no trabalho e recebi uma mensagem no celular, uma amiga de uma década mandou
uma foto nossa no ano em que nos conhecemos. Sim, uma década. Engraçado ainda
estar na casa dos vinte e já ter amizades de longa data. Amigos de dez anos passaram
metade da minha vida ao meu lado, daqui a pouco eu terei vivido mais tempo ao
lado deles do que sem tê-los conhecido.
Houve tempo
para tudo nesse intervalo de anos, tanto na nossa vida pessoal, quanto em comum.
Nós duas nos aproximamos e viramos amigas inseparáveis, mas nos separamos. Viramos
conhecidas de oi do outro lado da calçada. Depois, colegas. Hoje assuntos em
comum e maturidade nos tornaram próximas o bastante para quem namora, estuda,
faz faculdade, trabalha, não trabalha mais, corre atrás de emprego – essas coisas.
Uma década
nos fez enrijecer, talvez até amargar um pouco, mas não mudou nossa essência,
tanto que uma foto foi capaz de nos fazer debater as complexidades da vida via
mensagens, por quase três horas. Teorias e promessas que infinitamente fazemos
e nunca cumprimos. Aquele medo do tempo passando, do envelhecimento.
Esse foi o
tema da conversa: a reação em cadeia que fizemos e continuamos fazendo com
nossa vida, constantemente sentindo falta do passado, planejando e sonhando com
o futuro e deixando o presente de lado – presente esse que, quando virar
passado, iremos sentir falta porque não soubemos aproveitar. Então, dessa vez,
prometemos que vamos fazer diferente, mas daqui a pouco estamos nós no hospital
com pressão alta ou crise de gastrite, vamos morrer com pouca idade e velhas se
não mudarmos isso logo.
Confesso que
desde que nos afastamos sempre a desejei aqui. Não houve um ano que eu não estivesse
sentido falta da amizade, do papo furado, do colo quando estava arrasada e
do sorriso quando estava feliz. Então pelo menos em relação a nós estou fazendo
assim: ficando feliz cada vez que temos conversas aleatórias, sem remoer porque
nos afastamos, sem sentir saudades de como era e sem imaginar se vamos nos
aproximar mais ou nos afastar mais uma vez.
Meu desejo mais
desesperado para nós duas é o mesmo: ver profundo e real sentido nas palavras: “Aqui.”
E “Agora.” Caso precise tatuar (também), vá em frente. Não sinta saudades, não
releia as cartas, se possível crie coragem de jogá-las fora. O que foi dito há um
ano não é mais verdade, pode até estar escrito, mas o autor daquilo já mudou de
opinião.
Também não planeje
demais o amanhã, deixemos o tempo seguir seu curso natural, daqui um segundo o
futuro vira presente e um segundo mais ele virará passado. Não percamos tempo
em lugares onde não poderemos mudar a história. O único lugar onde podemos
escrever é no aqui e no agora.