sábado, 23 de janeiro de 2016

Uma década


Dia desses estava no trabalho e recebi uma mensagem no celular, uma amiga de uma década mandou uma foto nossa no ano em que nos conhecemos. Sim, uma década. Engraçado ainda estar na casa dos vinte e já ter amizades de longa data. Amigos de dez anos passaram metade da minha vida ao meu lado, daqui a pouco eu terei vivido mais tempo ao lado deles do que sem tê-los conhecido.

Houve tempo para tudo nesse intervalo de anos, tanto na nossa vida pessoal, quanto em comum. Nós duas nos aproximamos e viramos amigas inseparáveis, mas nos separamos. Viramos conhecidas de oi do outro lado da calçada. Depois, colegas. Hoje assuntos em comum e maturidade nos tornaram próximas o bastante para quem namora, estuda, faz faculdade, trabalha, não trabalha mais, corre atrás de emprego – essas coisas.

Uma década nos fez enrijecer, talvez até amargar um pouco, mas não mudou nossa essência, tanto que uma foto foi capaz de nos fazer debater as complexidades da vida via mensagens, por quase três horas. Teorias e promessas que infinitamente fazemos e nunca cumprimos. Aquele medo do tempo passando, do envelhecimento.

Esse foi o tema da conversa: a reação em cadeia que fizemos e continuamos fazendo com nossa vida, constantemente sentindo falta do passado, planejando e sonhando com o futuro e deixando o presente de lado – presente esse que, quando virar passado, iremos sentir falta porque não soubemos aproveitar. Então, dessa vez, prometemos que vamos fazer diferente, mas daqui a pouco estamos nós no hospital com pressão alta ou crise de gastrite, vamos morrer com pouca idade e velhas se não mudarmos isso logo.

Confesso que desde que nos afastamos sempre a desejei aqui. Não houve um ano que eu não estivesse sentido falta da amizade, do papo furado, do colo quando estava arrasada e do sorriso quando estava feliz. Então pelo menos em relação a nós estou fazendo assim: ficando feliz cada vez que temos conversas aleatórias, sem remoer porque nos afastamos, sem sentir saudades de como era e sem imaginar se vamos nos aproximar mais ou nos afastar mais uma vez.

Meu desejo mais desesperado para nós duas é o mesmo: ver profundo e real sentido nas palavras: “Aqui.” E “Agora.” Caso precise tatuar (também), vá em frente. Não sinta saudades, não releia as cartas, se possível crie coragem de jogá-las fora. O que foi dito há um ano não é mais verdade, pode até estar escrito, mas o autor daquilo já mudou de opinião.

Também não planeje demais o amanhã, deixemos o tempo seguir seu curso natural, daqui um segundo o futuro vira presente e um segundo mais ele virará passado. Não percamos tempo em lugares onde não poderemos mudar a história. O único lugar onde podemos escrever é no aqui e no agora.

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