sábado, 1 de outubro de 2011

No meu mundo

Dizem que sou louca, mas no meu mundo estresse é passageiro e não doença controlada por remédios, no meu mundo eu posso abraçar meu melhor amigo e pedir colo a ele que ele jamais negará, no meu mundo minha melhor amiga não vai competir comigo sobre quem tem mais bunda ou menos barriga. 

Dizem que sou louca, mas eu nem ligo porque no meu mundo em todo o lugar que passo escuto músicas que me fazem querer cantar, que me fazem sorrir, que me fazem sonhar. E se por acaso eu sorrir para alguém – não se assuste – mas no meu mundo, esse alguém corresponderá ao meu sorriso, mesmo que eu esteja de chinelo e minha roupa esteja fora de moda.


Dizem que sou louca, mas no meu mundo, se eu perguntar a alguém o que é roubo, ódio, rancor e todas essas palavras que vocês insistem em me explicar, as pessoas dizem que não conhecem. No meu mundo as pessoas gostam do verde, mas do verde das árvores, não do dinheiro.


Eu nem ligo se por mais de três vezes fui chamada de louca, mas quando estou de muito bom humor convido uma dessas pessoas que me julgam tanto a vir conhecer meu mundo. E quem disse que depois disso elas voltam?

Só minha e do mundo

Pra sair de casa era assim: uma calça jeans sem sal e sem açúcar, um moletom cinza, mochila nos ombros, cabelos amarrados em coque e o rosto completamente limpo, quem a via na rua não dava nem 20 anos de idade e pensava que era a moça mais linda e mais pura daquela cidade.

Depois de um ônibus e um pouco de caminhada ela chegava aqui em casa, soltava os cabelos, dava-me um beijo de tirar o fôlego e começava a reclamar, deixando escapar alguns palavrões, daquela avó chata, rabugenta e antiquada. Como se ela pudesse mandar em mim, não sei por que ainda a obedeço – dizia.


Ia ao banheiro com sua mochila e voltava de lá transformada, jogava a mochila na minha cama ao passar pelo meu quarto, e eu a via vindo como em câmera lenta: salto alto, tipo uns 15 centímetros, vestidinho preto e colado, deixando agora a mostra boa parte do corpo, alças de uma lingerie vermelha pouco a mostra, maquiagem carregada, 20 anos era o mínimo e quem a via pensava que ela, com certeza, era a moça mais disputada da cidade. Agora sim quem a visse enxergaria a minha menina como uma mulher… E que mulher.


Para onde ela ia daquele jeito não me importava, provavelmente fazer do seu corpo um trabalho. Não me importava nem se a chamassem de santa ou se a chamassem de puta, o que os outros viam era apenas o que os outros viam. Comigo eu sabia que além de menina e mulher, ela era minha e era de verdade.