Constantemente
me percebo procurando um tema para a próxima crônica e hoje conversando com um
amigo sobre meus anseios acerca do futuro profissional, encontrei o tema bem na
minha frente quando disse a ele a seguinte frase: “Então eu encontrei na Psicologia
meio que o protagonista do meu primeiro amor.”. Pega um café e lê com calma que
juro de dedinho que no final essa frase vai te fazer sentido:
Você, leitor assíduo
(e imaginário), já sabe que o meu primeiro amor é a Língua Portuguesa (ou
inglesa, ou francesa, ou japonesa...). Todas as maneiras poéticas, e nem sempre
tão poéticas, que usamos para nos expressar e nos comunicar. Lendo e me
arriscando nos escritos desde criança, não me sobra um pelo sobre o corpo
quando leio, assisto ou escuto alguma demonstração artística que me toca a
alma. É um sentimento tão forte que eu quero ir correndo mostrar pra todo mundo
aquele texto/poema/livro/música/filme que me tocou tão profundamente.
Você também
sabe que por esses caminhos e descaminhos que a vida nos leva eu saí de Letras
e caí de supetão em Psicologia, né? E que eu simplesmente encontrei o caminho
da minha vida profissional nesse curso. Eu já te disse em algum texto mais
pessoal o quanto a Psicologia agregou às minhas crônicas, afinal, todas elas se
tratam da mesma matéria prima: você-ser-humano. Caso não tenha dito antes,
agora está esclarecido.
Porém, tem
algo que você ainda não sabe: eu tranquei a faculdade e me mudei para os
Estados Unidos (por que diabos, você que se encontrou em Psicologia, fez esta
merda? – você pode se perguntar, eu particularmente me pergunto, às vezes). E eis
aqui onde todos os meus problemas e insônias e indagações acerca do que estudar
começaram, visto que é de senso comum que ou se é bom em várias coisas ou muito
bom em uma coisa só.
Veja bem,
jamais duvide do meu amor à Psicologia, menos ainda do meu amor à Literatura. Eis
o que me aflige. Eu amo duas coisas completamente ligadas, mas que seguem rumos
completamente diferentes e eu me vejo hoje, com os pés nos 25 anos, parada no
meio do caminho pensando o que persigo: o ovo ou a galinha? Porque oras, se não
existisse o ser humano pra quê diabos existiria a palavra? E se não fosse a
palavra com quê diabos a gente iria se comunicar nesse mundo?! (Esse é um
daqueles momentos que eu quero gritar pro mundo: olha que coisa mais linda esses
dois assuntos tão interligados assim!!!).
Se eu escolho
dedicar a minha vida às Letras, no meu imaginário, eis o que eu ganho: regras;
respostas; descobertas; teorias; no geral coisas que você (ser humano) vai
colocar em prática como e onde quiser, com a interpretação que quiser – isso é,
se você quiser. Já se eu escolho dedicar minha vida à Psicologia, no meu
imaginário novamente, eis o que eu ganho: exceções; perguntas; explicações e
descobertas de novos padrões; no geral coisas que você (ser humano) faz,
querendo ou não fazer, entendendo ou não o porquê.
Analisando o
meu ideal de atuação, meu amor pelo ser humano é (quase milimetricamente) maior
que o meu amor à palavra; ainda não sei te dizer se irei perseguir o ovo ou a
galinha, mas posso te garantir que eu seria uma poetisa frustrada em não ter
sido também psicóloga; mas eu serei a psicóloga mais realizada
profissionalmente se eu conseguir conciliar meus dois grandes amores. Agora, na
pior das hipóteses, se eu tiver que escolher entre apenas um grande amor e me
tornar apenas uma admiradora secreta do outro; apesar de ter crescido entre
palavras, apesar de ter sido o meu primeiro grande amor, a literatura que me
perdoe, mas eu estudo a poesia viva.