terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Magia de carnaval


Com tanta gente que odeia carnaval, inclusive eu que, por anos, torci o nariz a respeito dessa festa, me dou ao direito de falar sobre e com, talvez, propriedade no assunto. 

Concordo plenamente que o Brasil tem questões maiores e mais importantes a tratar do que mimar os gringos com as belas moças e as músicas baixas do país, mas gente, sério mesmo, vocês não se sentem bem em um evento de carnaval, cantando marchinhas?

Cheguei ao trio elétrico com aquela vontade de estar em casa dormindo ou assistindo Netflix, confesso. Mas as pessoas têm uma energia tão boa, pura e mágica que é impossível que alguma tristeza ou mau humor prevaleça.

Meia dúzia pega o celular para registrar o momento em redes sociais (assim como eu e meu grupo de amigos), mas esses registros são superficiais perto dos sorrisos sinceros que são distribuídos aqui. 

Talvez seja porque eu sou apaixonada por gente e fique viajando no gesto delicado, quase despercebido, de cada um aqui. No carnaval tem coisas ruins? Infinitas. Mas deixe-me falar das boas:

·         Sorrisos constantes e involuntários entre pessoas que nunca trocaram um oi;
·         Cumprimentos calorosos e abraços aos grupos vizinhos;
·         Caça talentos de pessoas que têm um repertório de músicas populares infinitos;
·         Caça talentos de dançarinos natos, que se dedicaram a outras profissões em suas vidas;
·         Compartilhamento de lanche (ou bebidas), no estilo piquenique;
·         Coreografias ensaiadas em casa com a família, funcionando em perfeito sincronismo entre centenas de pessoas.

Dentre mil outras situações compartilhadas, que afetam de maneira singular cada um que está ali. Alguns prestam mais atenção às pessoas, outros às roupas e fantasias, outros prestam atenção nas músicas, alguns que vão procurar um amor que dure após o carnaval.

A grande mágica desses dias é que até mesmo aqueles que vão para curtir como se não houvesse amanhã (e/ou fazer uma lista quilométrica de bocas que beijou) estão entregues a magia que pode acontecer. Se você abrir seu coração, vai perceber que o calor humano presente ali não está somente no sentido físico, vai além, todos ficam conectados como se fossem irmãos.