domingo, 27 de novembro de 2016

Redes sociais


Desativei minha conta do Facebook e do Instagram e no dia seguinte, assim que acordei, minha mãe me perguntou: "Por que você excluiu o Facebook?" e eu apenas disse que me deu vontade. Depois disso, meu melhor amigo me mandou uma mensagem: "Por que você me bloqueou no Instagram?" E eu disse que não havia bloqueado ninguém, mas sim desativado minhas contas por um tempo, quando questionada do motivo, disse que precisava de um tempo.

Algumas horas depois, meu namorado me perguntou: "Aconteceu alguma coisa?" Eu não entendi a pergunta logo de início, afinal ele é um pouco desapegado às redes sociais, então respondi: "Como assim?" E ele questionou sobre o desativamento das contas; dei a mesma resposta que ao meu amigo, com um pouco mais de detalhes. Junto a isso, quase ao mesmo tempo, uma quarta pessoa, também uma amiga, havia me perguntado: "Está em crise existencial?" Achei graça da pergunta, mas respondi que sim.

Esses questionamentos, que continuam acontecendo após uma semana sem eu ter acesso a essas contas, me fizeram perceber como estamos virtuais; atualmente é quase inacreditável uma pessoa não ter Facebook, até nossos avós hoje em dia estão lá. Quem desativa uma conta sempre volta, mesmo porque essa rede social sabe como "precisamos" dela, tanto que não encontrei, ainda, a opção "Excluir", posso voltar a hora que eu quiser, como se nada tivesse acontecido.

Por outro lado, pude perceber também que não somos só "viciados" nas redes sociais pelo prazer de ver coisas engraçadas, conversar com nossos amigos que estão longe, passar um tempo vendo vídeos de gatinhos fofos ou assaltos à mão armada. Estou, em uma semana, sentindo dificuldades no processo de comunicação interpessoal. Minha cabeleireira e o meu dentista, por exemplo, marcam horários pelo Messenger; estou um pouco desatualizada das matérias da faculdade, pois já não tenho acesso ao grupo da sala. E a minha série favorita? Não consigo achar o link dos novos episódios, a não ser em uma página que eu seguia antes de desativar a minha conta, resultado: não estou assistindo mais.

Confesso que assistir à série "Black Mirror" me incentivou bastante em minha decisão, depois, as horas que eu passava arrastando o dedo compulsivamente para cima e para baixo, por vezes sem nem ver o que se passava pela tela e, por último, mas não menos importante, minha falta de paciência para leituras extensas; uma vez li em outro blog que estamos tão acostumados com informações sucintas que estamos perdendo a imaginação ao ler páginas e páginas até chegar ao clímax da história e mais alguns três livros para concluí-la.

Não estou aqui para falar mal de coisa alguma, apenas para dizer que existem muitas pessoas, assim como eu, que levam essa relação como um vício e não percebem. Meu primeiro dia sem Facebook foi pior do que o mês que passei sem chocolate. Está claro que essa tecnologia nos favorece em inúmeros processos (como os que citei acima onde estou me prejudicando), mas está ainda mais claro que quem dá importância demais e leva tempo demais junto a isso, está perdendo a melhor parte da vida: a real.

Após uma semana, eu olho o perfil de alguns amigos pelas contas no meu namorado, mas aquilo não me prende mais, eu deito na cama para dormir, não para ver a linha do tempo. Eu já não tenho crises de ansiedade sem motivo ou fico chateada porque alguém não me respondeu, se eu preciso falar com alguém eu faço à maneira antiga: ligo ou vou até a pessoa. Estou conseguindo colocar a leitura pessoal e da faculdade em dia, lendo mais de um livro por vez, pois não tenho mais no que me distrair. Até a bateria do meu celular está durando um dia inteiro.

O problema de tudo está no excesso, precisamos dessas ferramentas pois são úteis no dia a dia e nos gera lazer naqueles quinze minutos que sobraram do horário de almoço, mas é preciso que eu - e todos aqueles que perdem tanto ou mais tempo que eu e dedicam-se à selfie perfeita para receber centenas de curtidas - saibamos dar menos valor a quantidade de amigos virtuais e mais valor a quantidade de amigos que podemos tocar.