sábado, 16 de janeiro de 2016

“Nós Dois no Abismo”


Estou na vibe de uma década atrás, ouvindo e fazendo coisas que costumava fazer nos meus 11 anos. Ouvindo Sandy e Junior, jogando e lendo em vez de ficar em redes sociais, por exemplo. Eis que hoje coloquei o CD Replay pra tocar e notei a data de lançamento: 2006, quando me dei conta que isso é nada mais, nada menos que dez anos. Achava que eu era mais velha, mas não, naquele tempo eu era só uma criança de 11 anos que perdia as tardes no quarto desenhando com a voz desses dois ao fundo.

Achei interessante o fato de que mesmo depois de anos sem ouvir e de dez anos de lançamento, mesmo depois de ter amadurecido e crescido ainda canto com emoção e quase sem errar as letras. De repente a música “Nós Dois no Abismo” começou e o tom da minha voz desafinada se elevou instantaneamente. Quando parei para pensar em tantos momentos em que essa música me acolheu, foi impossível não me arrepiar de emoção, quase caí em lágrimas, mas me contive para curtir o momento.

Um grito abafado
Um choro contido
O mundo ao contrário
Nós dois no abismo
Mas não tenho medo

E quando o sol nascer
Se eu estiver longe então
Não vale me esquecer
Logo que puder, voltarei

Eu subo nas pedras
Escalo as paredes
Invado a cidade
Derrubo os muros
Mas não perco o rumo

E quando o sol nascer
Se eu estiver longe então
Não vale me esquecer
Logo que puder eu voltarei

Novo
Puro
Tudo, teu

E quando o sol nascer
Se eu estiver longe então
Não vale me esquecer
Logo que puder eu voltarei
Eu voltarei
Só por você

O mundo ao contrario
Nós dois no abismo
Mas não tenho medo

Replay, replay, replay. Meu Deus, como eu era boba! Chorava por assuntos de gente grande, sem saber do que se passava. Cantava essa música, sem nunca nem ter beijado na boca, pensando com carinho no menino que eu gostava. Hoje, sorri. Cantei e procurei alguém que desse novo sentido à letra. Achei: eu mesma. Fiquei tão contente com essa ligação que fiz de mim pra mim. Gabriella criança para Gabriella jovem adulta.


Cantei para minha criança, com lágrimas nos olhos, pensando que hoje eu voltei, enfim, pra mim. Voltei, enfim, a aceitar o que eu quero ser quando “crescer”. Hoje, dez anos depois do lançamento de Replay, dez anos depois de ter escrito meu primeiro poema, voltei pra pegar minha criança na mão e levar de volta à escola: “Vamos, Gabi, atrás do seu sonho.”. Espero que, daqui mais dez anos, eu ouça essa música novamente e a Gabriella adulta queira chorar mais ainda de orgulho dessas duas décadas que passaram.

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