"As coisas são
e tudo floresce a despeito de nós."
Sete Vidas – Pitty
Estive com essa
frase na cabeça há alguns dias, talvez não com a mesma interpretação que a Pitty
quis trazer, mas como uma materialização em palavras de um emaranhado de
pensamentos e sentimentos que ando tendo a respeito de fins, sejam de ciclos ou
de relacionamentos.
Eu sou do time “deu
certo enquanto tinha que dar” e não do time “perdi meu tempo”, pois acredito
que o segundo grupo tende a sofrer mais com os finais, afinal, tudo de bom que
existiu, automaticamente cai por terra e deixa de ter existido – o que para mim
não faz sentido.
Exemplo: em
minha cidade existiram construções que hoje não existem mais, mas elas estão
guardadas em fotografias antigas que meus pais guardam ou em grupos do Facebook
que guardam a memória da cidade; isso quer dizer que, por que não existem mais,
nunca existiram? Não. Logo, quando as coisas acabam, elas não deixam de
existir.
Assim como a
morte. Ela por si só não apaga a existência daquele que partiu, por outro lado,
quem ficou vai passar pelo luto. O luto existe para todas as mortes que enfrentamos,
sejam elas literais ou não.
Andei pensando
em tudo isso porque enfrento mais um fim, inevitavelmente; a vida é cheia
desses momentos. Tento me acalentar pensando que isso já existiu e, então, ainda
existe, mesmo que só em fotografias e dentro do meu coração, talvez não no
coração de quem partiu, figurativamente, nesse caso.
E por que todo
esse sentimento incômodo de perder alguém que se ama e esses pensamentos a
respeito de que a relação continua existindo, em algum lugar desse Universo
(mesmo que seja o meu Universo interno), me fizeram lembrar desse verso dessa
música?
Porque, claro, as
coisas são como eram e como sempre serão, pelo simples fato de um dia já terem
sido; e são a despeito de nós, a despeito da vontade de acreditar que elas
nunca foram, simplesmente porque deixaram de ser, no presente; a despeito do
sentimento de perda de tempo ou de que tudo foi uma mentira. Um dia elas foram.
E foram de verdade.