terça-feira, 14 de maio de 2013

Nove anos



Me vi andando de bicicleta na rua de casa, rua que moro há oito anos. Me vi, com dezenove, de short e camisa, sem maquiagem e cabelos soltos voando conforme eu pedalava. Me vi nua, mas não no sentido literal. Só sem maquiagem, sem pudores, simplesmente coberta com qualquer peça de roupa sem pensar o que aquela vizinha fofoqueira ia pensar de mim.

Veja lá, dezenove agora, não nove, mas ainda querendo ser a professorinha que tem uma casa com jardim. Ainda cantando com o frasco de perfume se passando por microfone quando fico sozinha e dormindo com ursinho, acredite se quiser.

Um tempo atrás percebi que entrei no caminho errado e a vida de adulto faz isso com a gente, só se olhando no espelho, espelho, espelho... Quando se olha pra dentro: fútil! Vi e ouvi que a beleza nada importa se só existe por fora, em contrapartida, quem é lindo por dentro, transborda e mesmo que feio, ninguém vê.

Já pensei em usar um português difícil pra impressionar vocês, morrer de trabalhar pra ter um carro bacana e uma casa que comportaria trinta de mim, só pra você ir tomar o chá da tarde e morrer de inveja. Depois, ao me ver com dezenove desse jeito como se tivesse nove, desisti disso tudo, pra ser a professorinha que tem uma casa com jardim.

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