Nessa madrugada aconteceu comigo algo que há muito tempo
não acontecia – eu não conseguia dormir porque um texto me veio à cabeça e um
misto de ansiedade para vê-lo pronto e o medo de perdê-lo enquanto adormecesse
e acordasse amanhã e ele já não fosse o mesmo que é agora me fez abrir os olhos
e começar a dá-lo forma.
Antes de começar a escrevê-lo, coloquei minha Playlist
preferida para dormir "Piano calmo", no Deezer, e fiquei pensando em
fazer minha própria versão compactada dela para poder baixar e ouvi-la off-line
para economizar bateria; ainda focada na Playlist meu cérebro me lembrou que um
dos meus sonhos é aprender a tocar piano.
Sim, essa Playlist me acalma, mas às vezes ela me recorda
de todos os sonhos que eu ainda quero realizar e do quanto de idade eu já
carrego em mim, mas eis que hoje eu percebi a cruel ironia dessa vida de
menosprezar o que se tem e desejar tanto o que não se tem em vez de
simplesmente admirá-lo.
Por exemplo, recentemente tentei pintar meu cabelo de
rosa e foi um total fracasso, visto que coloro meus fios com preto azulado há
anos; por mais que me dissessem que "ficou bom, é só ir clareando" eu
não tenho paciência e o meu rosto não combina (na minha opinião) com tons
claros. Passei o preto azulado e me senti linda. Entrei no Instagram e vi uma
menina de cabelo rosa e achei lindo, então lembrei de uma frase "você não
precisa ser bonita como ela, você pode ser bonita como você" e sorri,
satisfeita e aliviada.
Assim são também todos os outros âmbitos da vida! Ok, eu
quero tocar piano, aprender francês e viajar o mundo, não há problemas nisso,
mas eu não posso tirar o valor do meu dom da escrita, do meu inglês
avançado/fluente, dos meus meses nos EUA que deram errado.
Olha esse blog aqui, todo abandonado! Um dos maiores
prazeres da minha vida foi tirado de mim, e o pior, por mim mesma! Como eu pude
deixar que influências externas me fizessem apagar, desistir, desanimar,
desfocar de algo que – modéstia à parte – eu era tão boa? Como eu quero
aprender a tocar piano se mal toco as teclas ou a caneta para fazer o que eu
mais gosto? Me aperfeiçoar no que já sei?
O que eu quero dizer nesse texto, talvez intimamente para
mim mesma, é que aquele ditado de que "não dá pra ser bom em tudo" é
real. Quantas vezes, quando mais nova, eu pensei que precisaria de mais vidas
para realizar tudo o que sonho. Mas, percebi hoje, que nem de todos esses
sonhos é meu papel ser protagonista, mas espectadora. Eu não preciso saber
fazer o que eu amo, só porque eu amo se posso admirá-lo sem possuí-lo. Assim
como eu não posso perder os dons que eu já tenho, não pretensiosamente esperando
que alguém me admire, mas porque escrever além de ser o que eu amo, me faz ser
quem eu sou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário