quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Emaranhados



Mundo. O nosso e de cada um. Imagem, gosto, cheiro. Som, valor, sentido, toque, respiração, milímetro. Entende? Milímetro, intensidade. As palavras estão soltas porque cada uma trás um significado próprio, imenso e absurdo, para e pensa em cada uma. Palavra, nó.

Dentro dessas palavras vêm nossos sentimentos (amor, ódio, medo, ansiedade...), elas movem o mundo e fazem com que ele, apesar de tão único, seja um todo completamente emaranhado.

Uma das minhas maiores vontades é sentir o que o outro sente, absorver o sentido que cada um dá a essas palavras. Conhecer vários mundos e o que eles têm em comum, porque o que houver em comum é o que há de mais importante.

A morte e o fim do mundo não são sinônimos. Alguém pode estar completamente morto em seu mundo e continuar vivendo, assim como quem tem fé continuará vivendo além da morte.

Agora, todos aqueles clichês: "Valorize seu tempo.", "Ame o próximo como a si mesmo.", "Aproveite o dia.", "Não guarde mágoas." E infinitos mais que fazem todo o sentido e devem ser ouvidos porque, justamente por termos o poder de tocar no mundo do outro com o nosso, devemos cuidar do nosso como se fosse a coisa mais importante que temos.





Abaixo o trecho que me fez começar a pensar no assunto desse texto. 
Livro muito bom e vale a pena ser lido!

"– O que é destruir o mundo? – pergunta.
– É destruir uma simples vida. O universo acaba ali. Tudo aquilo que a pessoa viu, experimentou, todas as coisas más e boas que cruzaram o seu caminho, todos os sonhos, esperanças, derrotas e vitórias, tudo deixa de existir."
Paulo Coelho em O Vencedor Está Só.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Pertencer


Mania feia que a gente tem de achar que somos donos de tudo. Donos do mundo, dos nossos sentimentos, mal somos donos do que de fato nos pertence, quem dirá do resto. Resto maior são as pessoas. Esse é o mal que prevalece, achar que somos dono do outro.
A gente sempre escuta que a mãe cria o filho para o mundo, mas até parece que ela pensa assim quando a gente começa a voar, é difícil não achar que não é nosso. Mas só o amor é nosso, o outro não. O amor que sentimos e que nos é sentido, e só.

Essa historia de que o que é nosso volta tem um bom fundamento, mas não que seja nosso. Mas de verdade, a gente fica perto de quem sente como a gente, quem fala a nossa língua, quem interpreta o que o nosso corpo fala, perto, mais ainda, de quem lê a gente quase sem falhas, que nos descreve perfeitamente.


Não diz que o outro não vai, não pode, não faz, ninguém compra ninguém em loja. A gente não é feito sob medita nem pra si próprio, quem dirá pra um estranho que trombou contigo por aí e te fez amar, amar é se dar ao outro sem que o outro prenda, sabe?


Amar, compartilhar, se doar, mas não ter. Ter não pertence ao amor. Ficar pertence, voltar, acampar no outro até, mas possuir jamais. Se alguém fica, chora de alegria, agradece a Deus, sorria, se imagina gigante nesse mundo porque você é bom pra alguém.


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Desgaste


Será que você não sente minha falta? Que prefere ficar sozinha a estar
comigo? Você não sente saudade quando escuta aquelas músicas que escutávamos?
Será que seu passado a meu lado foi tão infantil que você prefere nem se
lembrar?

Você não escreve mais no teu diário? Ao menos você le o que escreveu,
não le? Você falava de mim, das coisas que passávamos juntas, isso não dá
saudade? Será que, quando você vai viajar, você não sente aquela vontade de me
ligar para me levar? Mesmo que depois lembre que isso não acontece mais, sentir
vontade é um grande avanço.

Sim, porque, às vezes, quando vou sair eu penso nisso, mas depois lembro
que isso é passado, lembro que hoje em dia uma não é mais a sombra da outra,
não somos mais nada, quase mais nada. Será que só eu fico aqui tentando achar
uma maneira de fazer tudo se acertar? Ou pelo menos uma lembrança que mostre
que estamos bem, mudadas sim, mas bem.

Antes você queria estar comigo o tempo todo, antes eu era a melhor
amiga, a melhor companhia, podia até ser chata em tempo integral e brigar com
você, mas era assim que você gostava.

Será que você ainda conversa com Deus? Você ainda quer que Deus cuide de
mim e que eu seja feliz? Você ainda quer me fazer feliz? Não se trata de um
casal, não se trata de amigas, mas de irmãs, se tratava de duas irmãs.

E agora, o que eu faço com essa vontade idiota de te ligar para te
contar aquelas coisas bobas que eu vejo? O que eu faço com a vontade de te
chamar para vir aqui? Já que sei que você não viria. O que eu faço com tudo
isso? Não faço nada? Não consigo entender a onde foi que nos perdemos. Não
quero que seja aquela coisa de: almoça aqui que eu janto aí, amanhã eu almoço
aí e você janta aqui, não! Você tem outros amigos e eu também, você está
crescendo e eu também, você sai para se divertir, ao seu modo e eu faço o
mesmo, ao meu.

Não precisamos ser tão grudadas, não precisamos sair juntas a todos os
lugares, mesmo porque eu detesto funk e você, rock. Só que resumindo todas
essas minhas perguntas, te pergunto apenas isso: A onde foi parar sua vontade
de ficar comigo? Não sei por que prefere ficar aí sozinha a pegar uma tarde
para conversarmos, apenas isso, rir, sem se lembrar de passado nem pensar em
futuro, sem brigas e cobranças, e depois, quando anoitecer?

Ora, vai cada uma para teu lado, você dançar um funk, talvez. E eu atrás
de um velho bar de rock.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Não ter o que dizer


É difícil começar sabendo que dessa vez o tema não é amor, quer dizer, talvez seja, no final das contas, mas não o amor que costumava descrever. Porque, amor não é só amar alguém, por que não alguma coisa? Ou tudo. Quer dizer, não preciso estar apaixonada para amar, assim como não preciso amar para estar apaixonada. Paixão vira amor, amor que é amor não acaba, será? Porque, se não cuidarmos das rosas, elas morrerão, mas não quer dizer que nunca foram rosas, compreende? Quer dizer, pode ter sido amor um dia, mas se não foi cuidado, murchou.

Então vem aquele processo de reaprender, reamar, sozinho, mas não alguém, alguma coisa, tudo. Se amar, amar até a segunda-feira, pobrezinha, amar o frio que os solitários desprezam, mas que pode ser uma ótima companhia, amar até o cigarro, mesmo que te faça mal, amar o mundo, mesmo que ele não seja lá aquelas coisas. Amar o vizinho, amar o próximo, lembra?

Ocupar a mente... Não pensar em nada, ao mesmo tempo que se pensa em tudo, dizer nada, como estou fazendo agora. Só enrolar e enrolar para preencher um vazio que você nem sabe mais onde está. Por que vazio? Por que todo mundo tem ou diz ter esse maldito vazio? Penso eu que seja falta de Deus, mas pra tanta gente, quem é Deus nesse mundão todo? Mas te digo, Deus é tudo. Porque esse vazio maldito só aparece quando ele não está. Sim, eu afirmo, ninguém está plenamente satisfeito, nem eu, eu confesso.

Dinheiro? Tenho pouco, quero mais. Casamento? Nossa, que falta de sexo! Felicidade? Que nada, preciso de mais. Trabalho? Quero mais que meu chefe, aquele... Se exploda! Carreira? Trabalho e trabalho sem ser reconhecido. Minha casa? Uma porcaria. E por aí vai, você sabe bem como é.

Vamos fazer assim, se você parar eu também paro, quer dizer, de reclamar, de dizer e não dizer, de viver sem ser feliz, de existir sem ter porquê. Que mal há em ver beleza onde não tem? De se apaixonar logo de cara, depois quebrar a cara, acontece. Que mal há em achar lindo um dia de chuva, ou de olhar esses pássaros que a gente vê todos os dias, mas nunca vê beleza e, por ironia, achá-los bonitos, pelo menos dessa vez. Se você acordar dizendo como o dia está lindo, não importa o quão fechado ele esteja, juro que vou tentar mudar também, vou parar de dizer só por dizer, de pensar sem ter no que.

Porque, uma vez ouvi que sem você a humanidade jamais seria a mesma, imagina só se todos acreditassem nisso? Se todos fizessem por onde, se ninguém se acomodasse, ah, que maravilha seria o mundo! Em vez de, de vez em quando, sair para beber ou escrever um monte de coisa sem sentido... Como se, não escrevendo você acabasse morrendo. Entende? Sei que entende, você sabe, pra mim, se não escrever não tem graça, mas agora me vejo em uma sinuca de bico, falei tanto sem ter nada a dizer que não sei como parar. Quis dizer a você: seja feliz. Mas eu não sou, ainda.

Eu te prometo, eu me prometo, amanhã, mesmo que o mundo esteja caindo aos pedaços, será o dia mais lindo e será como se fosse o último, amanhã e todos os dias... Farei por onde para não ser apenas mais um corpo no espaço.